domingo, 18 de setembro de 2011

Ano de Papel

O mundo em que sou tem um ano.

E nesse dia em que o mundo começou, parte de mim era ânsia, a outra felicidade. A Ânsia tiquetaqueava no mecanismo do relógio de bolso, maquinal, com um fim delimitado, agitando a minha alma para fora de mim, sentindo-me a pulsar como uma supernova premeditada. A felicidade estava lá por trás e à minha volta, ganhando espaço ao tiquetaque à medida que a ânsia, se escondia, envergonhada, por trás dos óculos espelhados.

Eu era o Coelho Branco, mas Prateado, de relógio acorrentado que me gritava de segundo a segundo, constante e intermitente. Mas era o relógio que me acorrentava e não o inverso. E pela corrente, libertava-se a ânsia, vigorosa e compassada. Tu eras a Rainha Branca a flutuar entre a multidão, pé-ante-pé, majestosa a inverter o tempo inverso do lado de lá do Espelho.

O mundo começou sem fretes, sem poses ensaiadas ou forçadas, sem inimigos nem pessoas indiferentes. Começou em marcha apoteótica entre as fileiras de quem nos gosta, e de quem nos partilha. E a atmosfera eram sorrisos genuínos, lágrimas felizes (porque as há, apesar de raras, em comparação com as suas irmãs melancólicas e desesperadas), felicidade epidémica, abraços fermentados. E acredito que esses sorrisos genuínos e essa felicidade epidémica se desprenderam daquele dia, daquele momento, para viverem em paralelo com a nossa vida e terminarão apenas um dia, bem mais tarde, com os nossos próprios fins.

O mundo em que nós somos tem um ano, mas terá ainda mais. Este é o Ano de Papel que crescerá de ano-para-ano, metamorfoseando-se. Os anos são coisas vivas que crescem. Como o amor.

E nós crescemos com eles.

18.09.2011





sábado, 17 de setembro de 2011

Portugal , ou um mau Thriller cheio de Spoilers

 Ai Portugal, Portugal, parece que todos te querem mal.

Quando diariamente leio as notícias Nacionais sinto que o meu cérebro vive num plano de consciência paralelo. A maioria das "notícias" são enunciadas com um tal estado de surpresa e de escândalo sensacionalista como se todos os caracteres impressos fossem proferidos em voz estridente pela boca de Gargântua da Manuela Moura Guedes. E a  maioria das "notícias" não são notícia para ninguém, apenas para quem convém que assim o pareça. Ora vejamos o exemplo:

"As dívidas ocultas da Madeira obrigam Portugal a rever o seu défice!" 















Alguma novidade nesta manchete? Nenhuma. O ar de surpresa de todos os nossos (des)governantes é ridículo. Reconheço-lhes até as capacidades dramáticas de um jovem actor dos Morangos com Açúcar. Ou seja: nenhumas.


Alberto João Jardim tem tanto de democrático como eu de atleta: ambos podemos tentar fingir que o somos, mas falta-nos o talento natural e vá, a vontade sequer de fazer um pequeno esforço em tentar ser aquilo que não somos. Figuras como o Rei Bobo só podiam existir mesmo em Portugal. E porquê? Porque no fundo somos um País idiota e cretino no que concerne à democracia. Acenem-nos com uns sorrisos e umas festinhas de Carnaval e/ou electrodomésticos e votamos em quem quer que seja. Desde que alguém faça as coisas por nós estamos bem. E mesmo que seja a esconder maços de notas de €uros nas cuecas











nós olhamos para o lado e assobiamos....


Meus caros Madeirenses (e aproveito esta frase para pedir desculpas, de antemão, a todos os madeirenses de quem gosto, aos de quem não gosto e àqueles que não conheço e não quero conhecer), a culpa deste mega-buraco do défice não é do Alberto João Jardim, é vossa. E é vossa porque vocês são estúpidos. Dar algo tão importante como um voto a um canalha é um atestado de estupidez. E vocês, durante décadas, foram diagnosticados com a mais singela estupidez. Mas não se acanhem, porque nós, no "Contnente" (Dito com o sotaque do AJJ) também somos estúpidos. E talvez sejamos ainda mais do que vocês. Constantemente damos o nosso voto a pulhas sem ideologia e sem motivação real de evoluir o País. Aliás, corrijo-me, a ideologia existe e chama-se dinheiro. No bolso deles de preferência, que nós somos todos estúpidos e não sabemos o que fazer ao pouco dinheiro que temos.

Conclusão, madeirenses e restantes continentais, é que somos todos um povo só porque mais do que tudo somos democraticamente estúpidos. Estamos intelectualmente e ideologicamente para a democracia como o personagem Sloth no magnífico Goonies para o restante elenco. Ou seja, somos mesmo estúpidos.

A surpresa do carácter do AJJ é como uma má-revelação num thriller de fraca qualidade: desde o primeiro minuto do filme que sabemos que aquele tipo com ar de quem nos vai enfiar uma faca pelo peito repetidas vezes e nos vai tirar a carteira do bolso post-mortem é o vilão. Recentemente o Ocidente descobriu que o Muammar al-Khadafi era um ditador. Wow! Só agora? Really? Descobrimos ontem que o Jardim é um canalha sem escrúpulos. Who would say so? No Predators, de 2010, descobrimos quase no fim que o Topher Grace era o real psicopata no meio daquela gente toda. E eu não fiquei surpreendido.

A diferença é que nos filmes o vilão é, quase sempre, punido (esventrado, defenestrado, decapitado, envenenado, exterminado, etc..). Na vida real Portuguesa não é bem assim, amanhã o Benfica joga e já ninguém se lembra de nada. Recandidatam-se e são reeleitos.

Só os nossos bolsos, e o nossos espírito, mais leves, dão conta da pulhice.





sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Jinn

Publicado no Way of the Pencil, a minha interpretação dessa figura mágica que é o Jinn.


The world is full of crashing bores

Ah! Morrisey, já dizias tu, e com toda a razão.

A notícia de hoje sobre as eleições Dinamarquesas deixou-me um gosto agridoce no espírito. A poítica Portuguesa está recheada de betinhos encarneirados pelas Juventudes Partidários, e quase todos oriundos de Direito. Eu sei que se tratam de manobras de tentativa de combate ao desemprego dos jovens advogados, e que eles, por falta de personalidade, estofo, ou como diriam nuestros hermanos, um bom par de cojones, são quase versões fac-similadas de milhentos outros políticos quarentões, mas hey! há quem defenda acirradamente a unidade, e todos sabemos que para ganhar o tacho, há que caber nas medidas do pote.

A probabilidade de ver António José Seguro, Passos Coelho, Francisco Louçã, e outros afins encostados ao balcão do Frágil de Gin Tónico na mão, na esperança vã que nenhum bon-vivant lhes entorne bebida para os sapatinhos de vela da Sacoor iguala a probabilidade do Kim-Jong-Jardim perder umas eleições na Madeira.

E é neste panorama que me deixa triste não ser dinamarquês. Quer dizer, neste, e em muitos outros. Entre os quais, ser conterrâneo do grande King Diamond e de dezenas de outras bandas (inspiradoras) de metal nórdico, ia ter também o gosto de poder saudar em headbanging a vitória de Helle Thorning-Schmidt. Como podem ver pelas fotos que se seguem





que a Sra. Thorning-Schmidt não só parece uma vocalista de bandas de Metal Sinfónico, como, não se imiscui de tragar, sem apelo nem agravo, e sempre que possível para humedecer a garganta, um avantajado copo de cerveja. ARRRRR!

Por isso deixo aqui um apelo, de pobre cidadão português com um excesso de políticos betinhos para trocar:

- Por favor senhores nórdicos, enviem-nos os vossos políticos minimamente honestos, de grandes guedelhas  prontinhas para se agitarem aos pés do King Diamond, que nós enviamos, à proporção de 1 vosso, por 3000 nossos, jovens e quarentões betinhos com bolsos grandes e mãos agéis. Só não peçam mais talentos do que estes, porque isso, não os há.

No refunds OK?

It Lives! Again!

Le Roi est Mort! Vive le Roi!


O meu antigo blog, chamado Chimera Dream, que teve uns míseros 2 posts morreu. E no seu lugar surgiu este " A Tower of Ravens". Resta-me deixar algumas reflexões:

1) Contínuo a perder imenso tempo ora a encontrar um nome que me agrade, ora um nome que esteja disponível no subdomínio do blogger.

2) A minha ideia original era "a murder of ravens" porque é, sem dúvida, um dos mais sonantes substantivos colectivos da Língua Inglesa. E como estava numa de substantivos colectivos relacionados com aves, a Ana, sugeriu-me "a train of jackdows", porque também é um passeríforme negro, bem português, a gralha, e sinceramente, lá está a Língua Inglesa a presentear-nos com mais um belíssimo substantivo colectivo. Seguiram-se os óbvios "a parliament of owls" e "a parliament of rooks", até que estaquei em "a storytelling of ravens". Registei, mas como já havia algo semelhante, optei então por "a tower of ravens".

3) Os substantivos colectivos ingleses merecem uma investigação e atenção cuidadas, devida à sua riqueza e beleza.

4) Ainda detenho a capacidade de escrever linhas intermináveis sobre nada. Desta vez foi sobre substantivos colectivos.

SCORE!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Pai Natal Hardcore

Aqui fica o meu postal de Natal electrónico de 2007, que enviei para as pessoas mais próximas. Está em p/b, mas daqui a pouco tempo será pintado (já que tive umas aulinhas de pintura com o grande mestre da pintura digital Miguel Gabriel).

Inspirado na belíssima música do Weird Al Yankovic "The night Santa went Crazy", podem verificar o video aqui: http://youtube.com/watch?v=HTGlUMvbhSw

Genesis

"(...) Are these not words of heresy?
A venom on my lips, a poison?
My spirit impurified
In everything I choose to say (...)

Genesis, by VNV Nation


Já era tempo de dar início ao meu blog. Muito provavelmente não será nada mais do que os restantes milhões de blogs que por aí andam. De qualquer forma servirá mais como depositário de ilustrações e concepts, páginas de BD, e eventualmente pintura digital dos exemplos anteriores. É provável que volta e meia um ou outro poema venham a ser "postados" (adoro neologismos). E para não dar numa de artistazóide (outro neologismo), é óbvio que este blog espera reacções de quem o vê (as 2 ou 3 pessoas a contar comigo), porque se fosse algo privado não me daria ao trabalho de o fazer.

Porque sempre foram uns 10 minutos que eu perdi a fazê-lo...